terça-feira, 23 de julho de 2024

Abandonado!

 Já fez um mês que passei por aqui! Olhei para a lista de publicações e reparei que só fiz 5 publicações este ano, menos de 1 por cada mês que passou. Tenho prestado mais atenção ao outro blog, a cargo do Manel da Rita que foi transferido do Sapo para esta plataforma do Blogger. Alimentar os dois parece-me asneira e, como não estou na disposição de eliminar este, vou mantendo as coisas como estão.

Até um dia !!!


sexta-feira, 21 de junho de 2024

Seis palmos e meio de terra!

 Segundo as regras dos nossos avós, um defunto devia ser enterrado seis palmos e meio abaixo da terra que pisamos. Isto para evitar que pudéssemos ser contaminados por algum vírus ou bactéria que eles tivessem em vida ou até depois de mortos. E bactérias é o que mais há num morto, pois são elas que se encarregam de o comer e transformar, de novo, em matéria orgânica. Tal e qual como está escrito nos livros sagrados, do pó vieste e ao pó retornarás.

Tenho ido visitar o cemitério de Macieira e desde que soube o lugar aproximado, onde foi enterrada a minha bisavó Eusébia, passo o tempo que lá estou a olhar para os cerca de 50 metros quadrados, ocupados por 9 sepulturas, porque sei que foi naquele espaço que foi sepultada, nos idos de 1938.

Um dos 9 jazigos está meio abandonado e vou fazer uma proposta à sua proprietária, de seu nome Eunice Oliveira, para passar para mim essa propriedade. Aliás, segundo informações que recebi, a D. Eunice emigrou para Angola, há muitos anos, e após a independência regressou a Portugal e foi viver para a Régua que era a terra do seu marido. Não sei que idade teria, quando foi para Angola, mas devia ter a maioridade (21 anos) para poder emigrar assim sem a companhia dos pais. Isto pode ter acontecido meia dúzia de anos antes do 25 de Abril, e se isso for verdade, pode ter, hoje, muito perto de 80 anos. Ou ter já falecido!

Se puder adquirir esse tal jazigo, planeio substituir a pedra-mármore que compõe a cabeceira por outra que tenha os seguintes dizeres:

Em memória de
Eusébia Alves de Sousa
e seus familiares sepultados neste cemitério

Nunca saberei o lugar exacto, onde ela foi sepultada, mas terei a certeza que estou a pisar a terra muito próxima daquela que lhe cobriu o caixão, 7 palmos mais abaixo! 

sexta-feira, 24 de maio de 2024

Há irmãos assim!


 A minha bisavó chamava-se Eusébia e tinha um irmão chamado José (além de outros). Ela foi mãe solteira e, mais tarde, casou-se e nasceu mais uma filha, a minha avó Maria. O seu irmão José foi a Rio Covo (Barcelos) procurar noiva, casou e trouxe-a para Macieira. Os dois começaram a trabalhar para garantir a posteridade e deram à minha avó 10 sobrinhos.

Dois desses sobrinhos viveram ao pé de mim, éramos vizinhos, toda a vida que Deus lhes permitiu gozar e que foi longa. O sobrinho homem chamava-se David e encheu a freguesia de filhos. Era um velhote engraçado com uma voz nasalada, por isso lhe pusemos a alcunha de Fanhoso e havia, também, quem o chamasse de "fungadeira" pelo esforço que ele fazia para falar pelo nariz.

O outro sobrinho era ... uma sobrinha e chamava-se Rosa. Nunca casou e tinha horror aos homens, principalmente, pelo seu hábito de fumar. Ela não suportava isso. E nas infindáveis noites de inverno, passadas à roda da lareira, na nossa casa (ela fugia da dela e da solidão que lá imperava) onde ela contava peripécias da sua já longa vida - quando eu nasci ela já ia para lá dos 60 -  e uma que ainda recordo era a de um enfermo, já não recordo se era um seu familiar ou não, no seu leito de morte suplicar que lhe trouxessem a caixinha do rapé, pois sentia necessidade de uma pitada.

Ele devia estar a pedir perdão a Deus pelos seus pecados e, em vez disso só pensa no rapé, maldito vício, dizia a Tia Rosa! No século XIX ainda não era um hábito fumar cigarros, como hoje os conhecemos. O tabaco aparecia em charutos (para quem tinha dinheiro para isso) ou preparado para mascar. Eu sempre achei isso um nojo. Mastigar o tabaco e depois cuspir aquela mistura nojenta e castanha, para mim era um verdadeiro nojo.

E havia ainda o costume de fungar rapé que mais não é do que tabaco em pó. Uma pitada era aquilo que se conseguia apanhar unindo os dedos polegar e indicador, mergulhando-os na caixinha do rapé. E depois aproximava-se o pó do nariz e fungava-se, como se faz, hoje, com a cocaína. Havia caixinhas em prata que eram verdadeiras obras de arte, mas não acredito que o tal velhote que estava em vésperas de ir prestar contas ao Criador tivesse uma dessas. Talvez uma mera caixinha de lata e é um pau!

Para terminar, quem se lembra da canção seguinte:

Tia Anica, tia Anica
Tia Anica de Loulé
A quem deixaria ela
A caixinha do rapé! 

sexta-feira, 29 de março de 2024

A família Ponce de Leão!

Texto extraído da História da Quinta dos Curvos, anteriormente, denominada de Santa Marinha.

O filho de Manuel Belo e Ana Ribeiro, de nome Jácome da Silva Ribeiro, casou com D. Isabel Dias Ferros, da cidade de Viana, oriunda dos Ferros Ponce de Leão, família nobilitada de raiz espanhola. Deste casamento nasceu Gonçalo Ferros Ponce de Leão que se radicou em Barcelos, onde se transformou em próspero negociante.
Segundo João do Minho [12], este Jácome Ferros Ponce de Leão apaixonou-se por uma fidalga de Paredes de Coura que, sentindo contrariedades no seu casamento, foi por ele raptada, casando-se logo a seguir. Trata-se de Inácia da Rocha de Antas da Cunha, natural da freguesia de Água Longa, desse concelho. Do casamento nasceu Roque Ferros Ponce de Leão, notável Organista na cidade de Barcelos, o qual viria a casar com D. Luísa de Vilas Boas, filha de António Fernandes Simão, natural de Barcelos, e de sua mulher Maria da Costa, esta de Barcelinhos, como se refere na Escritura de dote realizada em 1664.
Do casamento de Roque Ferros e de Luísa Vilas Boas nasceram três filhos – Francisco Ferros Ponce de Leão, Maria da Rocha Ferros e Inácio Ferros. Sendo Francisco o Morgado, herda de seus pais a Quinta de Curvos. Casa com Grácia Barbosa de Faria Jácome[13], filha de Bento Barbosa e de Francisca Jácome. Desta união nasceu Roque Ferros Ponce de Leão que, como filho único, herdou o vínculo da Quinta de Curvos. Casa-se com Vitória Maria Taveira de Lima , filha do Capitão Simão Taveira dos Reis, Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo e de sua mulher Teresa Maria Teodora de Lima, de Viana do Castelo. Do matrimónio nasceram José António Ferros Ponce de Leão, Teresa Ponce de Leão[14], Maria Teresa Ponce de Leão, Roque Ferros Ponce de Leão [15], João Baptista Ferros Ponce de Leão [16] e António Caetano Ferros Ponce de Leão[17].
O filho morgado, José António, fica com a Quinta e casa com Teresa Maria da Costa Pereira, senhora da Quinta do Bravio no Couto de Capareiros. Era filha de Manuel da Costa Pereira, conhecido por Canhoto, e de Vitória da Esperança Martins Pedra. Deste casamento nasceram Francisco Ferros Ponce de Leão, José , António [18] e Apolinária Ferros Ponce de Leão.
A Casa e Quinta de Curvos passa para o filho morgado Francisco Ferros, Major de Milícias da Barca que casa com Maria Veloso Pereira Barreto, da Casa de Serreleis, Viana do Castelo. Este Ferros Ponce de Leão foi um esturrado Miguelista e é, segundo José de Sousa Machado [19] “... o herói burlesco do Poema herói-cómico, feito em 1829, por J. R. F. de Magalhães e Castro, ainda inédito “.
Faleceu em 24 de Dezembro de 1828 e sua mulher em 14 de Setembro de 1867.
Do casamento nasceram Roque Ferros Ponce de Leão, em 22 de Dezembro de 1816, vindo a morrer dois anos mais tarde em 4 de Agosto e Francisco Ferros Barreto Ponce de Leão que nasceu em 24 de janeiro de 1818, tendo falecido solteiro em 26 de Março de 1878.
Foi Francisco F. B. Ponce de Leão, conhecido Poeta Popular, quem herdou o Morgadio de Curvos.
Sem filhos, à sua morte, os herdeiros, completamente desligados deste morgadio, vendem-na [20], em 1882, ao Comendador Domingos Gonçalves de Sá, natural da vizinha freguesia de Aldreu, mas residente na cidade do Porto, casado com Luísa Arminda Ferreira de Sá.

Índice das anotações, à margem:

[12] - João do Minho – Op. Cit.

[13] - Escritura de Dote de Casamento realizada em 27 de Fevereiro de 1709

[14] - Ficou Solteira

[15] - Foi Capitão e casou com D. Clara Joaquina de Almeida e Amaral. Deste casamento nasceu Rosa Joaquina Ferros Ponce de Leão, nascida na Quinta de Curvos, em Forjães. Esta casou, em 2 de Janeiro de 1830, com João de Gouveia Mendonça Faria Gayo, filho natural, legitimado por testamento feito em 4 de Dezembro de 1817, de Dr. Pedro de Gouveia Mendanha Faria Gayo, formado em leis pela Universidade de Coimbra. Foi superintendente nas obras de Encanamento do Rio Cávado (1800) e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos. Este João de Gouveia Mendanha Faria Gayo era sobrinho do Linhagista Dr. Manuel José da Costa Felgueiras Gayo, autor da monumental obra “Nobiliário de Famílias de Portugal”, em 28 volumes.

[16] - Clérigo de Missa, Vigário de S. Tiago de Aldreu

[17] - Emigrou para a cidade da Baía - Brasil

[18] - Emigrou para a América

[19] - MACHADO, José de Sousa – Últimas Gerações de Entre Douro e Minho : Apostilhas às árvores de costados das Famílias Nobres, Vol. II, Braga 1932.

[20] - Escritura de Compra e Venda datada de 27 de Julho de 1882

quinta-feira, 21 de março de 2024

Curiosidades!

 



Para matar o tempo que é o que mais tenho, de momento, fui espreitar o assento de baptismo da minha bisavó materna (uma delas) Maria Rosa. Várias coisas chamaram a minha atenção nesse documento. A primeira de todas sendo o dia de nascimento que aconteceu no dia 5 de Abril e não 19, como eu tinha assumido e referido em escritos anteriores. A segunda é a informação incluída no documento que especifica que esse baptismo foi feito "Sub-conditio" (do Latim sob-condição) por ter sido já baptisada em casa por estar em perigo de vida.

Quando o bebé corre perigo de vida é habitual ser baptizado de urgência pela pessoa que lhe esteja mais próxima, de preferência um homem. O acto consiste apenas em pronunciar o nome escolhido, seguido das palavras "eu te baptiso, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ao mesmo tempo que desenha o sinal da cruz na testa da criança. Assim, se a criança morrer já terá direito a ir para o céu, segundo a crença dos cristãos. Não tendo sido baptisada ficaria no Limbo por toda a eternidade.

O documento que quis publicar aqui para que fique guardado pela Google, é difícil de ler, mas eu estou habituado a decifrar estes "alfarrábios" e se necessário consigo pô-lo em letra de imprensa. Uma das informações que retiro daqui é a naturalidade do pai da bebé Maria Rosa que é a vizinha freguesia de S. Bento da Várzea. Por curiosidade foi nessa freguesia que ela, 18 anos mais tarde, viria a encontrar o homem que fez dela mulher, engravidando-a do seu primeiro filho, o meu tio-avô David nascido na última década do Século XIX.

E por último, o seu padrinho era o famoso Morgado da Quinta de Curvos, Francisco Ferros Ponce de Leão, à data morador na Villa de Barcellos, que assinou o seu nome, numa altura em que poucos o conseguiam fazer, junto do nome do pároco da freguesia de S. Jorge de Airó. Gente famosa é outra coisa!!!

terça-feira, 5 de março de 2024

Rio Covo!

O documento mais antigo que se conhece mencionando esta freguesia data do ano de 906, designando-a de Santa Eulália de Águas Santas, Santa Olaia ou Santa Baia, como outrora lhe chamava o povo. Só mais tarde é que viria a adoptar o apelido do rio que nela passa. Aparece neste tempo igualmente com a designação de Sylva Scura significando “ bosque escuro” dando a entender que seria uma zona de mata densa. As suas fronteiras mantêm-se desde então sem alterações significativas. A designação de “Águas Santas” resulta das águas de uma fonte desta Freguesia serem consideradas milagrosas.

No Censual de Braga, do século XI, já surge com a designação de Santa Eulália de Ribulo Côvo. A Freguesia aparece ainda mencionada nas Inquirições de D. Afonso II, em 1220. Depois, em 1290, aparece como Couto de Santa Ovaia de Rio Côvo.

Rio Côvo Santa Eulália, estava integrada nas Terras de Faria. O Rei não tinha aqui algum reguengo e davam ao Senhor da terra “colheita” umas vezes o terço, outras o quarto e outras o quinto. Esta Freguesia tinha dentro dos seus limites sesmarias e 18 casais, o Hospital 11 Casais, o Sepulcro 1 casal e Várzea 4 casais. A sua comenda tinha ainda casais em Midões, Silveiros, Remelhe, Moldes, Pedra Furada, Chorente, Moure, Paradela, Pereira, etc.
Esta Freguesia foi Comenda dos da Ordem dos Templários que, segundo a opinião de alguns escritores, foi admitida em Portugal, em 1125, pela Rainha D. Tareja. Em 1128, já tinha casa em Braga, onde também teve um Hospital. Extinta a Ordem dos Templários em 1312, el-rei D. Dinis criou a nova Ordem de Cristo, passando para esta todos os bens daquela.

O meu bisavô João José, não era desta freguesia, nem tão pouco a mulher com quem ele decidiu casar-se, mas foi aqui que decidiu formar a sua família e aqui viveu até que o Criador o chamou à sua presença. Mais de meia dúzia de filhos aqui viram a luz do dia e daqui partiram para conhecer o mundo, talvez a excepção seja o filho mais velho, David, que nasceu ainda antes do seu casamento, enquanto a sua mãe morava ainda na casa dos pais, na freguesia de S. Jorge de Airó.

Ainda não conheço a praiinha fluvial que a imagem acima mostra, mas prometo lá voltar e procurar a praia, além da "fonte milagrosa" referido no texto acima transcrito. Santa Baia, a freguesia onde o meu primo Zé Canano foi escolher noiva para se casar. Lembro-me bem de o meu pai aparecer com a notícia lá em casa. O meu afilhado, disse ele, foi arranjar mulher a Santa Baia que é 10 anos mais velha que ele, mas tem uma casinha, onde podem ficar a morar. Muito prático este meu primo, não o posso censurar que a vida é bem difícil e traz-me à memória aquele ditado que diz: - Viver não custa, o que custa é saber viver. E ele sabia, era um lutador, pena foi a doença levá-lo tão cedo deste mundo. Que tenha o descanso eterno, desejo eu ao recordá-lo aqui!

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Este fato faz com que diversos pesquisadores acreditem que João Garcia era um dos cavaleiros ao serviço da importante linhagem dos Sousa, o que parece, de resto, confirmar-se pelo fato de o seu nome surgir, nas Inquirições de 1258, ao lado do conde e trovador Gonçalo Garcia de Sousa, filho de Garcia Mendes e Elvira Gonçalves.

Pelas suas composições se depreende que teria frequentado a corte castelhana de D. Afonso III, e permaneceu alguns anos na corte de Afonso X de Leão e Castela, acompanhando talvez o percurso inicial de Gonçalo Garcia, ou mesmo do seu irmão, Fernão Garcia de Sousa.

Em meados do século, João retornou a Portugal, provavelmente a Faria, perto Milhazes, onde criou os seus filhos e local onde se encontram duas de suas composições. Está ainda documentado aí em 1270, confirmando o testamento de um Lourenço Martins, marido de Sancha Pires de Guilhade, provavelmente sua familiar.

Igreja Paroquial de Milhazes

Encontrei este texto na Infopédia e resolvi transcrevê-lo para aqui, o que vai servir para eu aprofundar, ou talvez não, as minhas origens no que respeita à freguesia de Milhazes, concelho de Barcelos.

A minha trisavó, Ana Martins, registou o seu filho João José com o apelido de Sousa, vá lá saber-se porquê. Como se pode ler no texto acima transcrito, os apelidos de Sousa e Martins já existiam no Século XIII, mas seria muito difícil, ou até impossível, descobrir que relação de família podia existir entre esses senhores - que parecem pertencer à Nobreza - e a minha familiar directa de há 4 gerações, nascida no dealbar do Século XIX que usava o apelido de Martins.

Milhazes é uma pequena freguesia, com menos de mil habitantes que foi agregada a Vilar de Figos e Faria, formando uma União de freguesias, por aplicação da chamada "Lei Relvas". Situada na encosta do Monte de Nossa Senhora da Franqueira, virada a ocidente e a poucos quilómetros do Oceano Atlântico (em linha recta). Vê o sol nascer um pouco mais tarde que os seus vizinhos do outro lado do monte, mas, em contrapartida, vê o sol até ele se esconder no mar.

Como todas as mães solteiras desse tempo, a minha trisavó Ana, fugiu de Milhazes para a Várzea, outra freguesia de Barcelos, situada a oriente do referido Monte da Franqueira, para se poupar à vergonha de parir um filho sem pai. Pai ele devia ter, pois a minha avó não engravidou por obra e graça do Divino Espírito Santo, como a Virgem Maria, mas dar as caras e assumir o filho é que ele não fez. Talvez ele usasse o apelido de Souza e descendesse do tal Fernão Garcia de Souza, mencionado acima.

Não vejo outra razão para a minha antepassada registar o filho como Souza, a não ser criar uma ligação entre pai e filho para que eu, muitos anos passados, disso tomasse conhecimento. Infelizmente, nunca o conseguirei comprovar, pois não há quaisquer registos, antes do ano de 1606. O primeiro registo data de 29 de Novembro, desse ano e o seguinte registo é já do ano de 1607.