sexta-feira, 29 de março de 2024

A família Ponce de Leão!

Texto extraído da História da Quinta dos Curvos, anteriormente, denominada de Santa Marinha.

O filho de Manuel Belo e Ana Ribeiro, de nome Jácome da Silva Ribeiro, casou com D. Isabel Dias Ferros, da cidade de Viana, oriunda dos Ferros Ponce de Leão, família nobilitada de raiz espanhola. Deste casamento nasceu Gonçalo Ferros Ponce de Leão que se radicou em Barcelos, onde se transformou em próspero negociante.
Segundo João do Minho [12], este Jácome Ferros Ponce de Leão apaixonou-se por uma fidalga de Paredes de Coura que, sentindo contrariedades no seu casamento, foi por ele raptada, casando-se logo a seguir. Trata-se de Inácia da Rocha de Antas da Cunha, natural da freguesia de Água Longa, desse concelho. Do casamento nasceu Roque Ferros Ponce de Leão, notável Organista na cidade de Barcelos, o qual viria a casar com D. Luísa de Vilas Boas, filha de António Fernandes Simão, natural de Barcelos, e de sua mulher Maria da Costa, esta de Barcelinhos, como se refere na Escritura de dote realizada em 1664.
Do casamento de Roque Ferros e de Luísa Vilas Boas nasceram três filhos – Francisco Ferros Ponce de Leão, Maria da Rocha Ferros e Inácio Ferros. Sendo Francisco o Morgado, herda de seus pais a Quinta de Curvos. Casa com Grácia Barbosa de Faria Jácome[13], filha de Bento Barbosa e de Francisca Jácome. Desta união nasceu Roque Ferros Ponce de Leão que, como filho único, herdou o vínculo da Quinta de Curvos. Casa-se com Vitória Maria Taveira de Lima , filha do Capitão Simão Taveira dos Reis, Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo e de sua mulher Teresa Maria Teodora de Lima, de Viana do Castelo. Do matrimónio nasceram José António Ferros Ponce de Leão, Teresa Ponce de Leão[14], Maria Teresa Ponce de Leão, Roque Ferros Ponce de Leão [15], João Baptista Ferros Ponce de Leão [16] e António Caetano Ferros Ponce de Leão[17].
O filho morgado, José António, fica com a Quinta e casa com Teresa Maria da Costa Pereira, senhora da Quinta do Bravio no Couto de Capareiros. Era filha de Manuel da Costa Pereira, conhecido por Canhoto, e de Vitória da Esperança Martins Pedra. Deste casamento nasceram Francisco Ferros Ponce de Leão, José , António [18] e Apolinária Ferros Ponce de Leão.
A Casa e Quinta de Curvos passa para o filho morgado Francisco Ferros, Major de Milícias da Barca que casa com Maria Veloso Pereira Barreto, da Casa de Serreleis, Viana do Castelo. Este Ferros Ponce de Leão foi um esturrado Miguelista e é, segundo José de Sousa Machado [19] “... o herói burlesco do Poema herói-cómico, feito em 1829, por J. R. F. de Magalhães e Castro, ainda inédito “.
Faleceu em 24 de Dezembro de 1828 e sua mulher em 14 de Setembro de 1867.
Do casamento nasceram Roque Ferros Ponce de Leão, em 22 de Dezembro de 1816, vindo a morrer dois anos mais tarde em 4 de Agosto e Francisco Ferros Barreto Ponce de Leão que nasceu em 24 de janeiro de 1818, tendo falecido solteiro em 26 de Março de 1878.
Foi Francisco F. B. Ponce de Leão, conhecido Poeta Popular, quem herdou o Morgadio de Curvos.
Sem filhos, à sua morte, os herdeiros, completamente desligados deste morgadio, vendem-na [20], em 1882, ao Comendador Domingos Gonçalves de Sá, natural da vizinha freguesia de Aldreu, mas residente na cidade do Porto, casado com Luísa Arminda Ferreira de Sá.

Índice das anotações, à margem:

[12] - João do Minho – Op. Cit.

[13] - Escritura de Dote de Casamento realizada em 27 de Fevereiro de 1709

[14] - Ficou Solteira

[15] - Foi Capitão e casou com D. Clara Joaquina de Almeida e Amaral. Deste casamento nasceu Rosa Joaquina Ferros Ponce de Leão, nascida na Quinta de Curvos, em Forjães. Esta casou, em 2 de Janeiro de 1830, com João de Gouveia Mendonça Faria Gayo, filho natural, legitimado por testamento feito em 4 de Dezembro de 1817, de Dr. Pedro de Gouveia Mendanha Faria Gayo, formado em leis pela Universidade de Coimbra. Foi superintendente nas obras de Encanamento do Rio Cávado (1800) e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos. Este João de Gouveia Mendanha Faria Gayo era sobrinho do Linhagista Dr. Manuel José da Costa Felgueiras Gayo, autor da monumental obra “Nobiliário de Famílias de Portugal”, em 28 volumes.

[16] - Clérigo de Missa, Vigário de S. Tiago de Aldreu

[17] - Emigrou para a cidade da Baía - Brasil

[18] - Emigrou para a América

[19] - MACHADO, José de Sousa – Últimas Gerações de Entre Douro e Minho : Apostilhas às árvores de costados das Famílias Nobres, Vol. II, Braga 1932.

[20] - Escritura de Compra e Venda datada de 27 de Julho de 1882

quinta-feira, 21 de março de 2024

Curiosidades!

 



Para matar o tempo que é o que mais tenho, de momento, fui espreitar o assento de baptismo da minha bisavó materna (uma delas) Maria Rosa. Várias coisas chamaram a minha atenção nesse documento. A primeira de todas sendo o dia de nascimento que aconteceu no dia 5 de Abril e não 19, como eu tinha assumido e referido em escritos anteriores. A segunda é a informação incluída no documento que especifica que esse baptismo foi feito "Sub-conditio" (do Latim sob-condição) por ter sido já baptisada em casa por estar em perigo de vida.

Quando o bebé corre perigo de vida é habitual ser baptizado de urgência pela pessoa que lhe esteja mais próxima, de preferência um homem. O acto consiste apenas em pronunciar o nome escolhido, seguido das palavras "eu te baptiso, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ao mesmo tempo que desenha o sinal da cruz na testa da criança. Assim, se a criança morrer já terá direito a ir para o céu, segundo a crença dos cristãos. Não tendo sido baptisada ficaria no Limbo por toda a eternidade.

O documento que quis publicar aqui para que fique guardado pela Google, é difícil de ler, mas eu estou habituado a decifrar estes "alfarrábios" e se necessário consigo pô-lo em letra de imprensa. Uma das informações que retiro daqui é a naturalidade do pai da bebé Maria Rosa que é a vizinha freguesia de S. Bento da Várzea. Por curiosidade foi nessa freguesia que ela, 18 anos mais tarde, viria a encontrar o homem que fez dela mulher, engravidando-a do seu primeiro filho, o meu tio-avô David nascido na última década do Século XIX.

E por último, o seu padrinho era o famoso Morgado da Quinta de Curvos, Francisco Ferros Ponce de Leão, à data morador na Villa de Barcellos, que assinou o seu nome, numa altura em que poucos o conseguiam fazer, junto do nome do pároco da freguesia de S. Jorge de Airó. Gente famosa é outra coisa!!!

terça-feira, 5 de março de 2024

Rio Covo!

O documento mais antigo que se conhece mencionando esta freguesia data do ano de 906, designando-a de Santa Eulália de Águas Santas, Santa Olaia ou Santa Baia, como outrora lhe chamava o povo. Só mais tarde é que viria a adoptar o apelido do rio que nela passa. Aparece neste tempo igualmente com a designação de Sylva Scura significando “ bosque escuro” dando a entender que seria uma zona de mata densa. As suas fronteiras mantêm-se desde então sem alterações significativas. A designação de “Águas Santas” resulta das águas de uma fonte desta Freguesia serem consideradas milagrosas.

No Censual de Braga, do século XI, já surge com a designação de Santa Eulália de Ribulo Côvo. A Freguesia aparece ainda mencionada nas Inquirições de D. Afonso II, em 1220. Depois, em 1290, aparece como Couto de Santa Ovaia de Rio Côvo.

Rio Côvo Santa Eulália, estava integrada nas Terras de Faria. O Rei não tinha aqui algum reguengo e davam ao Senhor da terra “colheita” umas vezes o terço, outras o quarto e outras o quinto. Esta Freguesia tinha dentro dos seus limites sesmarias e 18 casais, o Hospital 11 Casais, o Sepulcro 1 casal e Várzea 4 casais. A sua comenda tinha ainda casais em Midões, Silveiros, Remelhe, Moldes, Pedra Furada, Chorente, Moure, Paradela, Pereira, etc.
Esta Freguesia foi Comenda dos da Ordem dos Templários que, segundo a opinião de alguns escritores, foi admitida em Portugal, em 1125, pela Rainha D. Tareja. Em 1128, já tinha casa em Braga, onde também teve um Hospital. Extinta a Ordem dos Templários em 1312, el-rei D. Dinis criou a nova Ordem de Cristo, passando para esta todos os bens daquela.

O meu bisavô João José, não era desta freguesia, nem tão pouco a mulher com quem ele decidiu casar-se, mas foi aqui que decidiu formar a sua família e aqui viveu até que o Criador o chamou à sua presença. Mais de meia dúzia de filhos aqui viram a luz do dia e daqui partiram para conhecer o mundo, talvez a excepção seja o filho mais velho, David, que nasceu ainda antes do seu casamento, enquanto a sua mãe morava ainda na casa dos pais, na freguesia de S. Jorge de Airó.

Ainda não conheço a praiinha fluvial que a imagem acima mostra, mas prometo lá voltar e procurar a praia, além da "fonte milagrosa" referido no texto acima transcrito. Santa Baia, a freguesia onde o meu primo Zé Canano foi escolher noiva para se casar. Lembro-me bem de o meu pai aparecer com a notícia lá em casa. O meu afilhado, disse ele, foi arranjar mulher a Santa Baia que é 10 anos mais velha que ele, mas tem uma casinha, onde podem ficar a morar. Muito prático este meu primo, não o posso censurar que a vida é bem difícil e traz-me à memória aquele ditado que diz: - Viver não custa, o que custa é saber viver. E ele sabia, era um lutador, pena foi a doença levá-lo tão cedo deste mundo. Que tenha o descanso eterno, desejo eu ao recordá-lo aqui!